Brasília, 4 de dezembro de 2025
Os espaços de ocupação e recuperação de territórios por povos indígenas que buscam o retorno a terras historicamente de sua posse, muitas vezes para preservar sua cultura, ancestralidade e modo de vida, são denominados “áreas de retomada”. Há diversas delas em Japorã (MS), onde os presidentes do Confea, Vinicius Marchese, e do Crea-MS, Vânia Abreu de Mello, estiveram em novembro para gravar o segundo episódio da websérie “O Brasil que o Brasil não conhece”. O município é o que tem a maior porcentagem de área com terras indígenas do Brasil.
“Entendi a falta que fazem os assentamentos. Sou engenheira agrimensora e, pela minha profissão, já conhecia muitas áreas indígenas, só que regularizadas. Não tinha ido a áreas de retomada, onde ainda há conflito, onde o Estado não chega. As pessoas não têm acesso quase que nenhum a água. Essa realidade eu ainda não tinha presenciado, de falta de infraestrutura, de falta de assistência médica, de falta de educação, de tudo ser muito distante e como eles conseguem ter uma casa naquele local por menor que seja, vai juntando a família, então sempre é um número grande de pessoas num espaço muito pequeno, e ali eles sobrevivem”’, descreveu Vânia.
Os municípios abordados na websérie são selecionados baseados no Índice de Progresso Social: os piores do ranking integram os roteiros. O episódio desta semana, em Japorã, mostrou o trabalho do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) com assistência técnica, trabalho esse ressaltado por Vânia. “A assistência muda a realidade da comunidade local e ela pode se estender à comunidade indígena. E podemos influenciar e contribuir para que essa assistência técnica possa se estender mais nessa área mais frágil da região”, pontuou.

Ainda do documentário, participaram vereadores da pequena cidade de 8 mil habitantes, entre eles dois indígenas. “Saíram de suas realidades e estão lá buscando defender políticas públicas para levar para seu povo de origem”, ponderou Vânia. Para Vânia, o Sistema Confea/Crea pode se inspirar nesse movimento, olhando para a discussão no interior para depois levar as demandas ao Congresso Nacional. “A gente pode contribuir, não só levando o que a gente tem de positivo daqui (Brasília) para a realidade de lá (áreas de retomada), mas principalmente trazendo a realidade de lá, que eu acho que é o que é mais importante, para ser discutido aqui, fazer essa ponte”.
Beatriz Craveiro
Equipe de Comunicação do Confea
